Marcos Capítulo 3

Marcos Capítulo 3: O chamado dos discípulos e a controvérsia com os fariseus

Esboço do capítulo

– Os discípulos são chamados por Jesus (versículos 1-6)
– A cura do homem com a mão atrofiada e a reação dos fariseus (versículos 7-12)
– A escolha dos doze discípulos (versículos 13-19)
– Jesus é acusado pelos fariseus de expulsar demônios por meio de Belzebu (versículos 20-30)
– A família de Jesus busca por Ele e Jesus define quem são seus verdadeiros familiares (versículos 31-35)

Introdução ao texto e seu contexto histórico

O terceiro capítulo do evangelho de Marcos começa com Jesus entrando novamente na sinagoga, onde Ele já havia curado um homem com um espírito imundo no capítulo anterior. Ao entrar, ele encontra um homem com a mão atrofiada e Jesus o cura, causando controvérsia com os fariseus que estavam presentes. Jesus então chama seus doze discípulos e continua a obra de cura e libertação, gerando ainda mais polêmica com os líderes religiosos da época.

Este capítulo faz parte do contexto histórico da Galileia do primeiro século, onde Jesus realizou a maior parte de seu ministério terreno. A região era habitada por judeus, porém controlada pelos romanos, e havia uma forte presença de líderes religiosos e autoridades políticas. A sociedade estava dividida entre ricos e pobres, e muitas pessoas sofriam com doenças e opressão espiritual. Neste cenário, Jesus surge como o Messias prometido que traria libertação e esperança para o povo.

Principais doutrinas presentes no capítulo

As principais doutrinas presentes no terceiro capítulo de Marcos são:

– A soberania de Jesus: No capítulo anterior, vemos Jesus utilizando sua autoridade para curar e expulsar demônios. Neste capítulo, ele demonstra novamente sua soberania ao escolher os discípulos, realizar milagres e confrontar os líderes religiosos.
– A autoridade para perdoar pecados: Ao curar o homem com a mão atrofiada, Jesus afirma ter autoridade para perdoar pecados, algo que só Deus pode fazer.
– A oposição entre o Reino de Deus e o poder religioso: Os fariseus, representantes do poder religioso da época, se opõem a Jesus e ao seu ministério, mostrando a diferença entre o Reino de Deus e o sistema religioso corrompido.
– A verdadeira família de Jesus: No versículo 35, Jesus afirma que seus verdadeiros familiares são aqueles que fazem a vontade de Deus. Isso ensina que a família de Deus é composta por todos que O seguem e O obedecem, independente de laços sanguíneos.
– A importância dos discípulos: Jesus escolhe doze homens para serem seus discípulos e participarem do seu ministério, mostrando a importância da comunidade e do compartilhamento da fé para o crescimento do Reino de Deus.

Análise literária do capítulo

O evangelho de Marcos é conhecido por sua narrativa direta e objetiva, e o capítulo 3 não foge a essa característica. A ação de Jesus é o foco principal, mostrando seu poder e autoridade. O autor também destaca a oposição entre Jesus e os fariseus, criando um clima de tensão e conflito ao longo do capítulo.

Outro aspecto interessante é a descrição dos discípulos escolhidos por Jesus. O autor faz questão de mencionar o nome de cada um deles, e apresenta alguns de seus antecedentes, como Simão, também conhecido como Pedro, e André, irmão de Pedro. Isso ajuda a criar uma conexão entre os leitores e os personagens, mostrando que eles eram pessoas reais e não apenas figuras bíblicas.

Análise teológica do capítulo

O capítulo 3 de Marcos nos mostra aspectos importantes da teologia do Reino de Deus. Jesus, ao realizar curas e expulsar demônios, demonstra seu poder e soberania sobre todas as coisas. Ele também confronta o sistema religioso da época, mostrando que o Reino de Deus é contrário a qualquer forma de religiosidade vazia e hipócrita.

Ao chamar seus discípulos, Jesus mostra que sua missão é compartilhada e que a comunidade é importante para o crescimento do Reino. Isso também nos ensina que todos somos chamados para participar da obra de Deus, independente de nossas origens ou qualificações.

A passagem em que Jesus é acusado pelos fariseus de expulsar demônios por meio de Belzebu mostra a importância da fé e da crença em Jesus como o Filho de Deus. Os fariseus, cheios de orgulho e incredulidade, recusam-se a aceitar Jesus como o Messias, e por isso, ficam cegos para a verdade.

Análise exegética do capítulo

A palavra-chave deste capítulo é “controvérsia”. Através da cura do homem com a mão atrofiada, Jesus gera uma oposição com os fariseus, que o acusam de violar o sábado. No entanto, Jesus mostra que a lei do amor está acima de qualquer lei escrita, e usa o exemplo de Davi para defender sua ação.

Ao chamar os doze discípulos, Jesus estabelece a base de sua igreja, e mostra que a comunidade é fundamental para a propagação do evangelho. Ele também afirma sua soberania ao escolher seus discípulos, mostrando que a salvação é um ato divino, não baseado em mérito humano.

Em relação à controvérsia com os fariseus, é importante notar que Jesus não nega os poderes de Satanás, mas afirma que Ele é mais forte e tem autoridade sobre o reino das trevas. Ele também explica que, ao blasfemar contra o Espírito Santo, os fariseus estão rejeitando o único caminho de salvação.

Aplicações práticas e reflexões contemporâneas

O capítulo 3 de Marcos nos ensina que Jesus é o Senhor e Salvador, com poder para curar e libertar. Ele também nos alerta sobre a necessidade de discernirmos entre a verdade e a falsidade, e seguirmos o caminho da fé e do amor.

Podemos refletir sobre a importância da comunidade e do compartilhamento da fé em nossas vidas, e buscar viver em amor e unidade, de acordo com os ensinamentos de Jesus. Além disso, a passagem dos fariseus nos alerta sobre os perigos da religiosidade vazia e o poder da fé em Jesus, que nos livra do império das trevas.

Que possamos aplicar os ensinamentos do capítulo 3 de Marcos em nossa vida como cristãos, vivendo em comunidade e proclamando a verdade de Cristo, sem nos intimidarmos com as oposições e controvérsias deste mundo. Que permaneçamos firmes em nossa fé e sigamos os passos de Jesus, o único caminho para a salvação.