Deuteronômio Capítulo 15

Introdução

O livro de Deuteronômio é composto por uma série de orientações e leis que Deus deu ao povo de Israel antes de entrarem na terra prometida. No capítulo 15, encontramos instruções sobre o ano de remissão, a libertação dos escravos e a oferta da primeira cria. Essas leis não apenas regulamentavam a vida do povo de Israel, mas também tinham um significado teológico profundo, que pode ser aplicado em nossas vidas ainda hoje.

Ano de Remissão

Deuteronômio 15:1-6 fala sobre o ano de remissão, que acontecia a cada sete anos. Nesse ano, todas as dívidas do povo de Israel deveriam ser perdoadas. Isso incluía não apenas as dívidas monetárias, mas também a libertação de escravos e a restituição de propriedades. Essa lei era uma demonstração do cuidado e da justiça de Deus pelo seu povo. Ele não desejava que seu povo ficasse oprimido por dívidas e servidão, mas sim que pudessem desfrutar da liberdade e prosperidade.

A palavra-chave aqui é “remissão”, que vem do hebraico “shemittah”, que significa “libertação” ou “descanso”. Isso nos mostra que a intenção de Deus não era apenas cancelar as dívidas, mas também proporcionar um descanso para seu povo. Teologicamente, essa lei também apontava para a salvação que Cristo nos oferece. Assim como o ano de remissão trouxe libertação e descanso, Jesus nos libertou do pecado e nos oferece descanso em sua graça (Mateus 11:28-30).

Libertação dos Escravos

Deuteronômio 15:12-18 fala sobre a libertação dos escravos no sétimo ano. Se um escravo hebreu servisse durante seis anos, ele deveria ser libertado no sétimo ano sem qualquer pagamento. Além disso, o senhor deveria lhe fornecer provisão para o seu recomeço. Essa lei também demonstra a justiça e a misericórdia de Deus. Ele não queria que seu povo fosse escravizado para sempre, mas sim que tivessem a oportunidade de recomeçar suas vidas e serem livres novamente.

A palavra-chave neste trecho é “escravo”, que em hebraico é “ebed”, que significa “servo”. Isso é importante porque, mesmo naquela sociedade, a ideia de escravidão não era vista apenas como uma relação de posse, mas sim como uma relação de serviço e dever. Essa lei mostra que Deus se importa com o bem-estar de seus servos e deseja que sejam tratados com justiça e dignidade. Teologicamente, também aponta para a libertação que recebemos em Cristo, que nos libertou da escravidão do pecado e nos tornou servos de Deus (Romanos 6:20-22).

Oferta da Primeira Cria

Deuteronômio 15:19-23 fala sobre a oferta da primeira cria de animais puros, que eram destinados ao Senhor. Essa lei mostrava a importância de reconhecer que tudo pertence a Deus e de adorá-Lo com o melhor que tínhamos. Ao entregar a primeira cria, o povo de Israel estava demonstrando sua confiança e dependência em Deus, e isso também os lembrava de que Ele era o provedor de todas as coisas.

A palavra-chave aqui é “santificar”, que em hebraico é “qadash”, que significa “consagrar” ou “separar para Deus”. Isso nos mostra que essa lei não era apenas sobre dar uma oferta, mas sim sobre consagrar a Deus o melhor de nossos bens e reconhecer que Ele é digno de toda a nossa adoração. Teologicamente, essa lei também aponta para a oferta suprema que Cristo fez por nós na cruz, entregando-se como o cordeiro perfeito para nos reconciliar com Deus (Hebreus 10:10).

Conclusão

O capítulo 15 de Deuteronômio nos ensina sobre a justiça, a misericórdia e o cuidado de Deus pelo seu povo. As leis mencionadas mostram a sua vontade de nos libertar do pecado, de nos proporcionar descanso e de receber a nossa adoração e confiança. Além disso, teologicamente, apontam para a obra de Cristo na cruz, que cumpriu todas essas leis e nos oferece salvação e liberdade em todas as áreas de nossas vidas. Que possamos ser gratos pelo cuidado de Deus e confiar em sua vontade e propósitos para nós.